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sexta-feira, 8 de março de 2019

Irmãzinha de coque

O Brasil cada vez mais vê o número de evangélicos aumentar. E com isso, vemos também o aumento da "americanização" das igrejas brasileiras, importando todo tipo de teologia e layout norte-americano, seja na pregação, louvores, organização eclesiástica e etc.

Porém, quero falar hoje de um tipo de evangélico brasileiro que representa na realidade a nossa cultura, e que corre o risco de ser menosprezado pelos orgulhosos e soberbos. A conhecidíssima "irmãzinha do coque". Provavelmente você já ouviu falar, ou convive e conhece uma irmãzinha dessa. Ela normalmente está associada a igrejas pentecostais, pessoas simples, que moram em locais periféricos e casas de baixa renda. Tudo bem, mas e aí?

E aí que a irmãzinha do coque é a que personifica muita das vezes o verdadeiro cristianismo. É claro que existem senhoras que escandalizam o Evangelho e não se comportam de maneira prudente. Mas você sabe do tipo de irmãzinha que estou falando, aquela sincera, humilde, e que conhece a Deus. Ela muita das vezes não tem seu marido convertido ou seus filhos, mas ela ora e intercede por todos eles, obedecendo a Deus, servindo ao esposo e aos filhos, levando a luz do Evangelho. É humilhada por sua fé. Sofre insultos e escuta palavras que nos fariam simplesmente sumir do mapa, mas elas permanecem. Chorando, mas permanecem. No meio das dificuldades, mas crendo. No momento do desespero, é a primeira pessoa que se lembram em conversar e pedir oração e conselho. Não tem honra entre os seus, mas é vista e contemplada por Deus todos os dias. É forte como Sansão, sábia como Salomão, corajosa como Davi, destemida como Neemias, fiel como Daniel. Ela não sabe o que Lutero pensava sobre as autoridades seculares, nunca pegou uma Teologia Sistemática na mão, e jamais ouviu as palavras "soteriologia" e "hamartiologia". História da igreja? Conhece somente os pastores que presidiram a igreja em que congrega, essa é a única história da igreja que conhece. Mas e o hebraico e grego bíblico para se fazer exegese? Nada, mal sabe ler e escrever. Mas e Calvino, Edwards, Wesley, e tantos outros, ela conhece? Também não conhece. Calvino pra ela é um homem que está perdendo os seus cabelos.

Tudo bem, mas e a vida dela, como é? Ora como ninguém. De manhã, madrugada, noite, visita lares e ora por pessoas enfermas e que precisam de ajuda espiritual. Pregam e evangelizam sem medo. "Jesus te ama, ele tem uma obra na sua vida". Na simplicidade, atraem pessoas para perto de Deus. Falam na cara das pessoas o que Deus manda dizer. Se é arrependimento, perdão, adultério, fornicação? Falam também. Teem convicção que o Espírito Santo às guia em tudo. Louvam lavando a louça. Choram pelos seus parentes e conhecidos diante do Senhor. Glorificam a Deus nas pequenas coisas. Elas fazem marmanjos que pagam de teólogos e especialistas em assuntos teológicos (principalmente na internet) serem anões espirituais. Pra elas, O Pai, Filho e Espírito Santo não são uma doutrina, são o próprio Deus que elas conhecem e caminham com Ele todos os dias. Elas podem até não conhecer a teologia de Deus mais sofisticada intelectualmente que existe, contudo, elas conhecem o Deus da teologia. Não somente a palavra que o Espírito soprou, mas o próprio Espírito Santo.

A irmãzinha do coque é a maior prova de que Deus procura pessoas sinceras, verdadeiros adoradores que estão dispostos a renunciar tudo por amor a Deus e sofrer as injúrias e sofrimentos da vida pelo Senhor. Neste momento há milhares delas que não tem livro escrito, pregação gravada, CD tocando nas rádios, ou palestra agendada. Mas que o Senhor ouve todos os dias e se inclina para abençoar. No fim, o que fará diferença não é se você conhece a Deus, mas se Ele te conhece.

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