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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O REVEILLON DO FILHO PRÓDIGO


Na conhecida parábola contada por Jesus, registrada por Lucas no seu capítulo 15, o rapaz havia deixado a casa do pai para uma aventura que, com ares de tão boa, parecia nunca ter fim.
Ao tomar o caminho que escolheu para se afastar do pai,  o jovem aventureiro, senhor de si mas não senhor das situações, ia conversando consigo mesmo e se estimulando a prosseguir o mais rápido e longe possível. Finalmente, chegou. Paraíso no início, mas só no início.
Com tempo tudo se fez diferente. Com seu calendário desorganizado não se deu conta do tempo que passou. Certa feita se deu conta de que era  o último dia do ano, pois as  famílias estavam alegres e ativas preparando a ceia do grande momento. Tomado por sua solidão o  pródigo a tudo contemplava.
O dia ia em seu ritmo frenético.
Nesse tempo  o  rapaz se deu conta de que seu reveillon deveria estar em outro lugar. Sim, a casa do pai. Mas como?! Seria possível voltar depois de tudo que fez? Teria aceitação para um dia tão especial? Não seria melhor acomodar-se por ali mesmo até que toda festa acabasse?
Seria o caso desta segunda opção se seu pai fosse um homem rude, mal, cobrador, punidor.
Não era o caso. Seu pai – segundo as memórias que trazia de casa - era um homem bom que tratava bem, e muito bem, seus empregados.
Firmado nesta certeza o rapaz, como que invadido por uma força que nunca teve, se levanta de um salto e toma o caminho de volta para casa acelerando os passos o quanto conseguia para, quem sabe, ao menos ver de longe a casa do pai tomada pelas luzes da festa.
Ofegante, algumas vezes até mesmo cambaleante, o rapaz sobe montanha, desce vales, salta riachos e corre sobre as planícies com a  sensação de que não vai dar tempo, pois a estrada é longa.
Quando já é noite – embora fosse ainda o seu início – o pródigo, no topo de um lugar elevado, avista ao longe – e bem ao longe – a casa do pai.
Alegria e frio na barriga o envolvem. Alegria de voltar, frio na barriga por voltar.
Afinal, como seria a recepção?!
Com a mente ora a favor da corrida ora contra ela, o rapaz desce os morros, não mais fazendo uso dos músculos mas aproveitando somente da força da gravidade que, nesta altura, impulsionava um corpo esquelético e uma feição transtornada adquiridos ao longo de sua prodigalidade.
Enquanto seus pensamentos são tomados por ideias as mais desordenadas , o corpo cansado busca forças para além de si mesmo tentando vencer uma distância que parece, como é próprio de quem deseja chegar logo, cada vez maior quanto mais contra ela se caminha.
A expectativa é que nenhum obstáculo no caminho se levante contra sua disposição de chegar.
Enquanto pensava assim o inesperado, o que não esperava que acontecesse, acontece.
Algo intercepta bruscamente sua trajetória.
Como já era noite  a escuridão do momento e o torpor da  mente cansada não lhe permitem identificar o obstáculo que, além de diante dele se colocar também o apertava contra si num esforço para lá de humano.
Tremendo e temendo diante do acontecido o pródigo se rende, deixando seus ombros caírem de desesperança, pois está certo que em razão do ocorrido não terá tempo para chegar mais perto da casa do pai  ao menos ouvir as músicas da festividade.
Quando seus braços caem sem força e sua cabeça se ergue para tomar pé da situação o espanto acontece.
Sem acreditar nos próprios olhos o rapaz se dá conta de que o rosto dos braços que o abraçam é o do seu pai.
Seria isto um estado de delírio pelas forças perdidas durante a volta? Uma alucinação mental própria de quem correu horas sem parar?
Não, não era.
Era seu pai mesmo que foi ao seu encontro para levá-lo à festa.
O rapaz quis explicar sua vida e sua volta, mas o pai interrompeu dizendo: você voltou, você voltou, você voltou.
Mandou dar um banho no jovem para retirar toda a sujeira da terra em que viveu; determinou que lhe trocassem a roupa para adequá-lo  ao ambiente da casa; ordenou que lhe colocassem sandálias nos pés para andar melhor e, ainda, que recebesse o anel da família como seu novo integrante .
Dizia o pai: meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E houve grande festa.
Jesus contou esta parábola para falar da disposição de Deus em receber para junto de si todos os pródigos que querem voltar para passar o revellion com Ele depois de terem se distanciado dele por longo tempo.
O que você está esperando? Vai viver mais uma passagem de ano longe da casa do pai?
Se isto acontecer é porque a opção é sua e não de Deus.
Todo homem longe de Deus é um pródigo.
Volte.

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