IDOLATRIA EVANGÉLICA E A AUTOLATRIA!!!

"A palavra autolatria é formada por dois vocábulos gregos: autos, a si mesmo + latria, adoração. Autolatria, por conseguinte, é a adoração de si próprio. É conhecida também como egolatria. Ou seja: o endeusamento do ego."

Fico a pensar cá, com meus botões: Por que se auto intitular apóstolo, bispo ou outro título qualquer? Pasmem, já existem nos arraiais evangélicos até “querubim”. O próximo passo é querer “ser igual a Deus”. Talvez os tais não saibam que isso já aconteceu nas hostes celestiais com um tal de “anjo de luz”, que quis ser igual a Deus. Foi expulso e hoje vive a infernizar, deteriorar e deturpar a vida cristã. A autolatria está aí. Onde vamos parar!

Em sã consciência ninguém pode negar que, na igreja evangélica brasileira em todas as denominações, está acontecendo o fenômeno da autolatria. Autolatria de pastores, apóstolos, bispos, cantores “gospel” (seja lá o que isso signifique na prática). Enquanto Jesus dizia que “... O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20); os tais autólatras possuem aviões particulares, fazendas, centenas de cabeça de gado, carros luxuosos, ficam em hotéis de luxo, possuem estações de rádio e TV sustentadas por “fiéis” – a maioria é pobre -; enfim... vivem nababescamente. Fazem malabarismos teológicos para sustentar a insustentável teologia da prosperidade. Prosperidade para eles mesmos e para alguns. E a maioria absoluta dos “fiéis” fica a esperar pela vinda dessa tal prosperidade. O que pregam nas igrejas sobre a prosperidade diverge totalmente do que é sustentado na TV. Já assisti a vários desses cultos, assisto TV e vi, também, a defesa da “teologia da prosperidade” feita por um desses autólatras em programa de grande audiência. Como são conflitantes as falas. O pior cego é aquele que não quer enxergar. Bem pior são os cultuadores dos autólatras, portanto, idólatras de humanos. Vão dizer que não é isso. É apenas admiração pelo trabalho que realizam (Leia Mateus 7:21-23).

Aqueles que cultuam os tele evangelistas e os seus “ídolos” musicais gospel colocam seus “admirados” acima do bem e do mal. Os tais não podem receber críticas ou terem suas falas discordadas. Nem se preocupam em “checar” o que ensinam e cantam com a Palavra de Deus. Ah, se perguntassem aos Bereianos. Estes eram sábios. Nem mesmo Paulo escapou da “checagem”. Afinal, a Palavra de Deus... é a Palavra de Deus. Pena que nem todos saibam disso. Confundem barulho, gritaria, choro, gestos coreográficos milimetricamente pensados, encenação de palco e outras coisas mais, com ação do Espírito Santo. Dia desses assisti, estarrecido, uma famosa e influente cantora “gospel”, idolatrada no meio evangélico “incorporando” os animais do apocalipse. Delírio da plateia evangélica. Ai do pastor sério que dizer que aquilo é “baixo espiritismo” e não ação e unção do Espírito Santo de Deus! O pecado da idolatria está aí, claro, no meio evangélico. Existe porque os pastores, bispos, apóstolos e que tais dessa estirpe teológica são autólatras.

Mas essas pessoas não são humanas? Não são pecadoras? Cada um desses “artistas gospel”, pastores, bispos, apóstolos e querubins não são humanos? Se são... então, são pecadores. “Porque todos pecaram...” (Rm. 3:23); “... porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente” (Sl. 143:2); “... não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl. 14:2-3); “Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Romanos 3:11-12 Almeida Corrigida).

Tive o desprazer de tentar falar com um desses “seres angelicais humanos” em Goiânia. Eu dirigia uma escola de primeiro e segundo graus e buscava um convênio para melhorar preços para os filhos de membros das igrejas. Foram alguns meses de tentativa. Sempre havia uma desculpa, uma barreira. O templo tinha a denominação de Palácio...! Uma das professoras da escola que eu dirigia era parenta do “dito cujo” autólatra. Pedi a intervenção dela. A resposta foi: - nem eu consigo falar com ele, tem que ser através de um dos seus doze...; “apóstolos”, concluí eu. Ela apenas sorriu. Só os doze tinham acesso a ele. É preciso dizer mais alguma coisa? Se Jesus agisse assim, o que seria da “mulher pecadora”; de Zaqueu; do cego de Jericó; do paralítico de Cafarnaum; da mulher com fluxo de sangue; da mulher samaritana; da viúva de Naim... e de tantas outras pessoas.

Mas... por que, os evangélicos que, biblicamente, tanto combatem a idolatria a praticam na sua mais hedionda modalidade? Por que o evangélico virou, também, idólatra? E, pior... por que líderes influentes, além de serem idolatrados, se tornaram autólatras? Vou tentar colocar duas razões!

Primeira: Apesar de viverem na igreja, não conhecem a Deus. Muitos há que se achegam a igreja por razões diversas (convertidos ou não, só Deus sabe). Gostam do ambiente, fazem amizades, são bem tratados e, de forma natural, começam a cumprir o ritual que lhes ensinam ou lhes são impostos por mercadejadores da fé. São instados a “idolatrarem” os “artistas gospel”. Pagam caro para irem a “shows gospel”, introjetam que só podem ouvir “musica cristã” (como se isso fosse possível). Compram adesivos (que dão lucros altos a livrarias, igrejas e que tais) e colam nos carros. Não faz muito tempo vi um carro com o adesivo: “Propriedade de Jesus Cristo”. Fim do culto e uma irmã bem pobre, anciã e que morava longe, precisava de uma carona. Pedi ao irmão proprietário do carro que era “Propriedade de Jesus Cristo”, levá-la; afinal, o carro não era dele, era do Senhor Jesus. Todas as desculpas foram encontradas... mas, aquela irmã não teve o prazer de ser levada pelo carro “Propriedade de Jesus”. Pedi que o adesivo fosse arrancado. São ritualistas, quais os fariseus dos dias de Jesus. Não importa o que a PALAVRA (Bíblia) diz. O que importa é o que aprenderam. Aprenderam assim porque não tem maior intimidade com a Bíblia, conhecem textos e versos esparsos, não tem verdadeira intimidade com Deus, pois não O conhecem. Levam a Bíblia para igreja, como se desodorante fosse, debaixo do braço... mas, não a conhecem. Seus líderes e “cantores shows” passam a ser ídolos e suas palavras passam a ser divinizadas e, por isso, não podem ser contestados. E os líderes gostam disso. Afinal, são autólatras.

Esses líderes não se importam com as consequências disso. Estou cansado de ouvir pessoas dizerem: - Já fui crente; ou, - estou desviado, - ou, - fiquei decepcionado e não quero mais saber de crente! São pessoas a quem o Pr. Isaltino Coelho chama de “desigrejeiros” (e eu concordo com ele). Não entendem como um “servo de Deus (sic)” tão “santo” os pudesse decepcionar. Não entendem que esses autólatras são humanos, pecadores e passíveis de erro, tanto quanto qualquer pessoa. Mas os autólatras não saem do seu pedestal. Sua palavra é soberana (Deus vai pedir contas).

O “artista gospel” também é um “ídolo”. Ele carrega fãs, multidões. Sempre há as honrosas exceções, mas... está difícil achar. Vejo os “cantores de Deus” no palco e quase choro. Lá em cima sabem fazer teatro, até choram, declaram frases chavões, ministram “unção”, dizem aquilo que o membro de igreja sem intimidade com Deus e com a Sua Palavra quer ouvir. Tudo isso sob os auspícios e aprovação dos líderes autólatras. Afinal, todos estão ganhando... e muito bem. Avião particular, ônibus próprio, carro importado do ano, casa luxuosa... vale a pena, né? Sou pastor a 32 (trinta e dois) anos. Meu carro 1.0 2012 está financiado. Não tenho casa, ela é da CEF pelos próximos 25 (vinte e cinco) anos. Vão dizer que não tenho fé, que sou pecador (e isso eu assumo, sou mesmo, e o mais miserável). Se Paulo, o apóstolo verdadeiro também afirmou ser o “mais miserável dos pecadores”, quem seria eu para não sê-lo. Bem, não me importa o que digam. O que importa é minha consciência e em paz com o meu Senhor Jesus, de quem sou servo. Afinal, Ele não tinha onde reclinar a sua cabeça (Mt. 8:20). Nem ao menos um burrico ou jegue meu Senhor possuía. Ele veio pra fazer a vontade do Pai. Nada mais...

Não vale o argumento de que estão na mídia pregando a Palavra de Deus, divulgando o nome de Jesus. A que preço? Levando multidões ao delírio? Deveriam pensar em levá-las primeiro ao céu! Ser cristão e salvo nada tem a ver com tudo isso. Afinal, foi Jesus quem afirmou: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz a perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontram” (Mateus 7:13-14 Almeida Corrigida).

Segunda: Questões culturais passaram a ter mais valor que a Bíblia. O fenômeno não é exclusividade brasileira. Também não é novidade contemporânea. Quem conhece história sabe que sempre existiram “ídolos” em diversas áreas do conhecimento e das artes. Famílias de posse, na antiguidade, enviavam seus filhos de muito longe para “aprenderem” aos pés de seus “ídolos”. Paulo aprendeu aos pés de Gamaliel. Tantos foram ao encontro de Sócrates, Aristóteles e tantos outros. Isso é característico do ser humano. Sua natureza sempre o leva a “deificar” pessoas a quem admira. É questão cultural. Qualquer ser inteligente sabe que a mídia “fabrica” ídolos humanos todos os dias. Os que fazem mais sucesso são os piores. As piores letras e as piores músicas. Isso entorpece o povo que deixa de pensar criticamente e se torna “massa de manobra”. Althusser já apregoava isso e denominou alguns fenômenos legais idealizados pelo Estado de “aparelhos ideológicos do Estado”. Dentre eles a igreja. A indústria do cinema, das artes, da televisão é poderosa. Ela sabe exatamente o que dá audiência, poder e dinheiro. Quando as pessoas passam a “idolatrar” determinadas pessoas, pagam qualquer preço para assistirem ao show, ao filme, à música, ou seja lá o que for do seu “ídolo”, por mais porcaria que seja. E aí de quem fizer alguma crítica.

Mas, os evangélicos também fazem isso? Eles não são guiados pelo Espírito Santo? Sinto muito em dizer, mas a resposta está na razão primeira apontada acima. O Espírito Santo está longe dessas coisas. Esquecem-se de que também são humanos e, como tal, é tendência natural cultuar aqueles a quem admiram. Não me importo de ser atacado de todos os lados. Não vou deixar de “falar do que tenho visto e ouvido”. A idolatria deixa as pessoas cegas e não adianta mostrar todos os textos da Bíblia.

Jeremias teve um ministério vasto em tempo. Nunca obteve sucesso em sua pregação. Sofreu todo tipo de ataque e, por diversas vezes, esteve à beira da morte. Nunca foi ouvida a sua mensagem. Foi o ministério mais frustrante de um homem de Deus. E o que foi que Jeremias combateu o tempo todo durante todos os anos do seu ministério? A idolatria. Nada mais que isso. Sua mensagem foi sempre dirigida à nação escolhida de Deus. A nação tornou-se cega em sua idolatria. O mesmo acontece com os “cristãos evangélicos” hoje. O argumento natural dos “cegos idólatras evangélicos” é o de que tais “artistas” ou “pastores (bispos, apóstolos e querubins) autólatras” estão, de uma forma ou de outra, a pregar o evangelho. Será que aqueles que estão sendo sérios também não estão pregando? Quais os frutos desse evangelho barato? Não seriam multidões estereotipadas que vivem, no dia-a-dia, um evangelho camuflado, tímido, fracassado, sem viço e não resistente às provações do verdadeiro cristianismo? Reafirmo... sempre existem honrosas exceções. São poucas.

Todos os superpastores (apóstolos, bispos e outros também) são carismáticos. Hitler, Mussolini e outros também o foram. Os “idólatras evangélicos” por não terem profundidade bíblica e, por isso mesmo, sem intimidade maior com Deus e Sua Palavra, não sabem receber críticas. Quando as recebem não fazem como os de Beréia. Não confrontam a verdade da Bíblia com o que tais “líderes autólatras” estão ensinando. De nada adianta mostrar que é heresia porque o que importa a eles é o faturamento. A maioria ensina, na verdade, doutrinas humanas. Jesus já previu isso, ao citar Isaías: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus 15: 8-9 Almeida Corrigida). Contestado, Jesus vai dizer que eles eram “cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova” (vs. 14).

Que dizer de pastor que não sabe o que é “domínio próprio”? Pois, tem estado a demonizar quem diz alguma coisa contra sua herege, antibíblica e anticristã teologia da prosperidade. Ao mesmo tempo mercadeja seus livros e faz a “unção dos novencentos reais”, sob aplausos de idólatras evangélicos. Que dizer de outro que “vende tijolinhos a duzentos reais” cada para a construção de um edifício? Todos eles tem jato particular, carrões importados, fazendas, casas e outras coisinhas mais. Enquanto isso Jesus continua a dizer que “o Filho do homem não tem onde reclinar a sua cabeça” (Mt. 8:20).

Antes de idolatra alguém, meu irmão, estude profundamente a Bíblia. Depois, busque a Deus em oração e peça a iluminação do Espírito Santo de Deus. Mas, não se esqueça de buscar conhecer a vida de cada pessoa que você idolatra. Pastores, bispos, apóstolos ou querubins, não importa. Procure conhecer quem são, de onde vieram, como é sua vida pregressa e atual. Que tipo de cristianismo ele vive? Se o polpudo depósito não for feito antes do show, será que ele sai? Como é a vida moral dos seus “ídolos”? Deus... poderia falar tanto sobre isso. Mas, não convém escandalizar mais e, com certeza sofreria processos ao invés de “conversão” verdadeira a Cristo da maioria desses autólatras pregadores ou cantores.

Encerrando: Eu e você precisamos voltar nosso olhar firmemente para a Cruz de Cristo. Não há como ficar olhando e deificando seres humanos pecadores como nós. Jesus é o centro e ninguém mais. Não há como viver o evangelho de Cristo, buscando a vaidade, a fama, o dinheiro, o poder, o ter. Há uma linda música do Stênio Marcius (ele não aparece na mídia) onde ele diz: - Eu quero ser, não quero ter. Eu quero crer, não quero ver! É isso que precisa ser vivido. Chega de guias cegos, sepulcros caiados e lobos vestidos de pele de carneiro. Olhe pra dentro de você e se compare ao Senhor da Cruz. Ame a Jesus. Ele precisa ser adorado. Ele precisa ser o centro da sua vida, do seu culto e da sua adoração. Ninguém mais. Deixe que os artistas e líderes autólatras se acertem com Deus. Só Jesus é a verdade! Viva por esse ideal! Amém.