Em resumo, ele [Jesus] nunca usou a abor
dagem pacifista com heréticos nem com
hipócritas ignorantes. Nunca fez o tipo de
apelo particular gentil que os evangélicos
contemporâneos normalmente insistem
ser necessário antes de advertir os outros
sobre os perigos do engano de um falso
mestre. Mesmo quando lidava com as
figuras religiosas mais respeitadas da
região, ele enfrentava os enganos delas
de um modo ousado e direto, às vezes
até expondo-as ao ridículo.
Ele não era “simpático” com elas de
acordo com nenhum padrão pós-
moderno. Não lhes estendia a falsa
cortesia acadêmica. Não as convidava
para uma conversa particular sobre
seus diferentes pontos de vista. Não
exprimia com cuidado suas críticas
em termos vagos e totalmente impes
soais para evitar que os sentimentos
dos outros fossem feridos. Não fazia
nada para amenizar o caráter repre
ensivo de suas críticas nem minimizar
o constrangimento público dos faris
eus. Deixava o mais claro e notório
possível que desaprovava a religião
deles toda vez que os mencionava.
Parecia totalmente insensível à frus
tração deles diante de sua sinceridade.
Sabendo que estavam procurando
razões para serem insultados, Jesus
muitas vezes fazia e dizia as mesmas
coisas que sabia que os deixariam mais
ofendidos.
Sem dúvida, é significativo que a abor
dagem que Jesus usava para lidar com
o engano religioso é nitidamente
diferente dos métodos preferidos pela
maioria na igreja, hoje. É muito difícil
imaginar o tratamento dado por
Jesus aos fariseus recebendo um
comentário positivo nas páginas da
revista Christianity Today. E será que
alguém realmente acredita que seu
estilo polêmico ganharia a admiração
do acadêmico evangélico comum?
O modo como Jesus tratava seus adver
sários é, na verdade, uma repreensão
séria à igreja de nossa geração. Preci
samos dar uma atenção mais cuidadosa
ao modo como ele lidava com os falsos
mestres, ao que pensava sobre o engano
religioso, ao modo como defendia a
verdade, a quern elogiava e a quern
condenava — e a como ele, na verdade,
encaixava-se pouco no estereótipo
meigo que, hoje, tão frequentemente lhe
impomos.
Além disso, também deveríamos ter a
atitude de Jesus para com a falsa
doutrina. Não podemos agradar aos
homens e ser servos de Cristo ao
mesmo tempo.
É essa a tese deste livro. Vamos
passar cronologicamente pelas
histórias do evangelho que contam
como Jesus lidou com a elite
religiosa de Israel. Observaremos
como ele falou com indivíduos,
como respondeu à oposição orga
nizada, como pregou às multidões
e o que ensinou aos seus próprios
discípulos.
A lição prática sobre como devemos
nos comportar diante da falsa reli
gião é consistente do começo ao
fim: as deturpações da verdade bíbli
ca vital não devem ser subestimadas,
e quem apresenta evangelhos dife
rentes não deve ser tratado com gene
rosidade pelo povo de Deus. Pelo
contrário, devemos usar a mesma
abordagem para a falsa doutrina
usada por Jesus, refutando o erro,
opondo-nos àqueles que o propagam
e lutando com afinco em defesa da fé.
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