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domingo, 4 de maio de 2025

A ORIGEM DO MAL!!!

A ORIGEM DO MAL

Um dos assuntos mais controversos na teologia diz respeito ao surgimento do mal. Seria ele uma criação de Deus? Antes de qualquer comentário, é preciso lembrar que esse é um terreno escorregadio, exigindo que cada passo seja dado com muita cautela.

Existem duas principais escolas de pensamento que buscam explicar essa questão: a arminiana e a calvinista. A primeira defende que o mal surge como consequência do livre-arbítrio das criaturas, que decidem afastar-se de Deus. Já a segunda sustenta que o mal é resultado de um decreto divino — sendo decreto distinto de criação.

Os arminianos creem que Deus é bom e, portanto, não poderia, sob nenhuma hipótese, criar ou decretar o mal, pois isso contrariaria o seu próprio caráter. Para eles, a maldade resulta do afastamento humano da luz e, assim, Deus estaria isento de qualquer “culpa”. Embora essa linha de pensamento esteja revestida de boas intenções ao tentar defender a santidade divina, não representa exatamente o que se observa à luz das Escrituras. Seus argumentos deixam lacunas não resolvidas: se Deus é onisciente, como não teria previsto a maldade? Se previu, por que não a impediu? E, se não previu, pode Ele continuar sendo onisciente?

Os calvinistas — entre os quais me incluo — acreditam que o mal moral não pode ser obra da criação divina; ou seja, Deus não é o autor do mal (Hc 1:12-14). Todavia, Ele determina tudo o que acontece (Ef 1:11), e nada escapa ao seu controle (Sl 103:19). Assim, Deus decreta que o mal ocorra para que os seus desígnios e propósitos se cumpram (Rm 9:17). Ele cria pessoas para a salvação e outras para a perdição (Rm 9:11; 19-21). No entanto, isso não o torna injusto, pois ninguém é digno da salvação (Rm 3:23), e o fato de salvar alguns representa, não injustiça, mas misericórdia.

Ainda que Deus determine o destino eterno de suas criaturas, bem como seus passos nesta vida, Ele não é o criador do mal moral. A soberania divina não anula a responsabilidade humana de responder, positiva ou negativamente, ao seu chamado (At 2:21; 37-38; 41). Conciliar soberania divina e responsabilidade humana é um paradoxo que representa um dos maiores desafios teológicos. Ainda assim, ambas as verdades estão claramente afirmadas nas Escrituras. Os calvinistas defendem essa soberania, inclusive quanto ao decreto do mal, mas reconhecem, simultaneamente, a responsabilidade moral do ser humano por suas ações.

É importante lembrar que nenhuma das duas escolas oferece respostas exaustivas para todas as questões bíblicas. Contudo, devemos observar qual delas é mais coerente com o todo das Escrituras, cientes de que, em muitos momentos, nos curvaremos diante do mistério que envolve o ser de Deus.

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