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sexta-feira, 16 de março de 2018

OBSESSÕES SEXUAIS NO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

As obsessões sexuais estão entre os tipos mais frequentes de sintomas no transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Esse tipo específico de obsessão gera extremo sofrimento, culpa e ansiedade.

Estudos brasileiros conduzidos pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (C-TOC) demonstram que as obsessões sexuais são as que mais têm relação com ideias e comportamentos suicidas no TOC, o que é corroborado por pesquisas de outros países.

Importante salientar a diferença entre fantasias ou desejos sexuais e as obsessões sexuais que acontecem no TOC. As fantasias sexuais causam prazer e excitação, mesmo que temporariamente no indivíduo. Geralmente a pessoa procura realizar tal fantasia, ou masturba-se pensando nela, mesmo que depois do prazer, algumas fantasias possam causar culpa. No caso das obsessões sexuais, o indivíduo apresenta emoções negativas associadas a esse conteúdo mental, como estranheza, culpa, nojo, ansiedade e tristeza. E tenta se livrar desses pensamentos ou imagens realizando uma série de rituais, que podem ser mentais, ou seja, acontecem silenciosamente dentro da cabeça (por exemplo, rezar mentalmente), ou podem ser comportamentais (por exemplo, ligar e desligar a luz para tirar o pensamento). O ritual às vezes neutraliza a obsessão por um curto período de tempo, mas logo o pensamento volta.

Talvez a obsessão sexual mais comum no TOC são os pensamentos ou imagens relacionados à homossexualidade em indivíduos que são heterossexuais. Dúvida incessante quanto a ser ou não gay, pensamento de que pode estar sentindo atração por alguém do mesmo sexo, ou imagens de cunho sexual, que invadem a mente, causando estranheza, culpa e ansiedade. Os indivíduos podem repetir ações ou realizar uma série de rituais para tentar tirar esses pensamentos da cabeça. O indivíduo pode tentar “trocar mentalmente” essas imagens consideradas por eles como “ruins” por imagens consideradas “boas”. Pode tentar evitar entrar em vestiários, academias, ou outras situações que possam se deparar com pessoas do mesmo sexo, o que potencialmente dispararia as obsessões.

Além dessa, também é comum as pensamentos e imagens constrangedoras e desagradáveis com familiares, como filhos, pais, sobrinhos, tios. Isso também gera muito sofrimento. O indivíduo pode passar a evitar contato com essas pessoas a fim de tentar frear esses sintomas. Também pode ocorrer com crianças em geral, como pensamentos e imagens pedofílicas, que causam muita culpa ao indivíduo.

Por vezes, envolve pensamentos e imagens violentas de caráter sexual, em que o indivíduo se vê obrigando alguém a fazer sexo, ou batendo em alguém enquanto faz sexo, também gerando grande desconforto.

As obsessões também podem envolver pessoas estranhas na rua, mendigos, etc. Alguns pacientes andam na rua tentando evitar olhar para as pessoas para não ter pensamentos ou imagens desagradáveis.

O TOC é muito frequente, ocorre em 2% a 3% da população geral, e tem início na infância na maior parte dos casos. A maioria dos pacientes se beneficia de um tratamento combinado de medicamentos e terapia cognitivo-comportamental (TCC). Um dos maiores obstáculos para o tratamento são a vergonha e a culpa. Estudos mostram que o tempo entre o início dos sintomas e a primeira busca por ajuda entre os pacientes com TOC é, em média, de 10 a 18 anos. Outro aspecto é, que muitas vezes o indivíduo não é corretamente diagnosticado e tratado por desconhecimento dos profissionais de saúde, incluindo psiquiatras e psicólogos. Apesar de ser um dos transtornos psiquiátricos mais prevalentes, comumente os pacientes passam por avaliação de muitos profissionais antes de receberem o diagnóstico e o tratamento adequados.

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