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segunda-feira, 26 de maio de 2014

QUANDO O SALÁRIO REPRESENTA UM GRANDE PAPEL NO MINISTÉRIO, O PASTOR PERDEU-SE DO SEU PROPÓSITO!!!


 
Por Rev. Gildásio Reis

Falar de vocação não é uma tarefa fácil. Como explicar os
 vislumbres de certezas espirituais? Pode a vocação de
 Deus ser descrita? Talvez devesse deixar tal desafio para
 os mais experientes nas lidas pastorais; não obstante, quero 
pisar neste terreno mui solenemente. Nestes doze anos de
 ministério tenho visto alguns pastores perderem o rumo original
 e ministérios infrutíferos com igrejas fracas e em declínio. 
Entendo que grande culpa dos problemas destas igrejas deve-se
 a nós mesmos, seus pastores. Notem as palavras de Eugene
 Peterson:

“Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se
 para a direita e para a esquerda, com freqüência alarmante. 
Isto não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo
 contratados por alguma empresa. As congregações ainda
 pagam seus salários, o nome deles ainda consta no boletim
 dominical e continuam a subir no púlpito domingo após domingo.
 O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram
 após outros deuses.Aquilo que fazem e alegam ser ministério 
pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores
 que fizeram a história nos últimos vinte séculos” .

Uma reflexão dura, mas realista. Alguns pastores estão
 abandonando seus postos. Após ler estas considerações
 de Peterson, fiz a seguinte pergunta: O que tem levado
 nossos jovens ao ministério? Minha pergunta levanta a 
questão sobre as reais motivações de nossos vocacionados
 para o Ministério Pastoral. Talvez nem todos têm
 consciência de que errar na vocação trás conseqüência
s desagradáveis para si mesmos e também para suas
 futuras igrejas. Embora uma vaga vocação para o
 ministério possa levar ao pastorado, não sustentará
 o pastor através das ásperas realidades da vida na 
igreja. É preciso avaliar as verdadeiras motivações, 
antes de ingressar nos seminários.

Por motivação queremos dizer os motivos internos que 
levam uma pessoa à ação. Todos nós tomamos decisões
 na vida motivados por algo ou alguma coisa em dado
 momento de nossa existência e considerando as diversas 
situações da vida. Falando da motivação que leva um jovem
 a decidir pelo ministério, entendemos que todo genuíno 
vocacionado deve ter como ambição ser um instrumento
 de Deus. Sua única motivação para ser pastor é seu desejo
 ardente de realizar a obra de Deus e para a glória de Deus.
 Contudo, é possível que nem sempre esta seja a mola
 propulsora de um ou outro aspirante ao pastorado. A título 
de alertar-nos para este perigo, alisto cinco possíveis 
motivações erradas e egocêntricas que podem levar 
alguém ao Ministério:


1) Adquirir estabilidade financeira: Os motivos da nossa 
sociedade secular são controlados pelo cifrão. Vivemos
 uma época de recessão e de desemprego. São só na cidade
 de São Paulo, quase 2 milhões de desempregados. 
O tempo médio hoje para alguém que perde o emprego
 é de 1 ano até conseguir outro. É com temor e tremor 
que arrisco raciocinar desta maneira, mas temo que alguns 
jovens em nossas Igrejas , passe a compreender o
 ministério como uma profissão e um meio de ganhar 
a vida. Penso que todo candidato ao ministério deveria 
responder a esta pergunta: O motivo que tenho para desejar
 ser pastor é porque serei pago para isto?

Quanto a isto, Spurgeon escreveu: “Se um homem perceber,
 depois do mais severo exame de si mesmo, qualquer outro
 motivo que a glória de Deus e o bem das almas em sua busca
 do pastorado, melhor que se afaste dele de uma vez, pois o
 Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores
 em seu templo”.


2) Status social: Não é de hoje que a sede de posição cega
 as pessoas . O “ser pastor”, mesmo que em nossos dias
 não é lá muito bem visto, até mesmo pelos escândalos 
envolvendo alguns líderes cristãos, os títulos de Reverendo
 e Pastor transmitem uma certa dose de autoridade que
 dignifica o ser humano, e lhe confere status social. Não
obstante, liderar não é fácil. Às vezes pregar pode ser uma
 tortura. Pastorear ovelhas relutantes é uma atividade
 esmagadora. Ser uma figura pública sob os olhares de todos
 e viver sob constantes cobranças, mesmo que estas não
 sejam verbais, sacodem o nosso coração. Nós pastores 
inevitavelmente armazenamos um certo nível de frustração 
em nosso trabalho. Ficamos frustrados com os conflitos da 
igreja, com a futilidade de nossos planos e com o fracasso 
do nosso povo. O status social não pode sustentar o nosso
 ministério e fazer com que vivamos nossa vocação de modo
 responsável.

Em I Tm 3:1, Paulo escreve : “se alguém deseja o pastorado
, excelente obra almeja” O termo “deseja”na língua grega é
 epithumeo, que tem o significado de “colocar o coração,
 ambicionar, desejar”. Precisa ser observado que o objeto
 do desejo é a obra, o serviço, e não a posição ou status. 
Este foi um erro cometido por Tiago e João (Mc 10:35:45).
 Alguém motivado por posição elevada e pelo desejo de
 atenção trará com certeza prejuízo a si mesmo e à Igreja de Cristo.


3) Necessidade de firmar-se como pessoa: É possível que
 alguém caia na armadilha de desejar o ministério por 
entender que a posição e o status conquistado forçam os
 outros a lhe dedicarem atenção. O desejo que um ser
 humano tem de que os outros o respeitem é um sinal
 louvável de sua auto-estima. Não há nada de errado em 
desejar ser respeitado e admirado, mas não é a motivação 
correta para o ministério. É comum termos notícias de líderes
 que avaliam sua eficiência ministerial através de quantas 
pessoas da denominação o conhecem. Conheci um pastor que 
guardava todo exemplar do jornal Brasil Presbiteriano em que
 saía uma matéria com sua foto e que falava a seu respeito. São
 líderes que buscam a fama e serem aplaudidos pelos homens.


4) O Senso de obrigação: Há quem se torne ministro, pois
 depois de ter passado pela família, conselho, presbitério e
 ter feito o curso teológico no seminário, sente-se na obrigação 
de ter que ir até o fim de seu “chamado”. Sente-se culpado se 
não fizer aquilo que todos esperam dele. É desnecessário dizer
 que este líder não desenvolverá seu ministério com alegria e
 prazer. Um velho pregador deu um sábio conselho a um jovem 
quando indagado sobre sua opinião quanto a seguir o ministério:
 “Se você pode ser feliz fora do ministério, fique fora, mas se
 veio o solene chamado, não fuja” Precisamos instruir aos 
nossos seminaristas que mesmo que tenham feito o curso de t
eologia no Seminário, caso sintam que não foram chamados ao
 pastorado, entendam que o tempo de estudos e de preparação
 não será perdido. Poderão ser uma excelente ajuda às igrejas
 como pregadores, professores, oficiais e líderes. O peso de um 
sentimento de obrigação não pode levar ninguém ao pastorado.
 O Ministério deve ser obedecido por vocação e não por obrigação
. Alguém pontuou o seguinte: “os ministros sem a convicção do
 chamado carecem muitas vezes de coragem e carregam uma carta 
de demissão no bolso do paletó. Ao menor sinal de dificuldade,
vão-se embora”.


5) Falta de opções: É possível que alguém decida ser um pastor, 
pois depois de tentativas inglórias de ingressar em alguma outra
 faculdade, ou por não ter condições financeiras de custear um 
curso em uma universidade , percebeu que poderia fazer um
 curso de nível superior pago pelo Presbitério e ainda recebendo
 ajuda de custo de sua Igreja. Nossos jovens precisam ver que o
 candidato ao ministério, sendo seu chamado imposto por Deus,
não é uma preferência entre outras alternativas, ou por falta delas.
 Ele é pastor não por falta de alternativas, mas porque esta é a 
única alternativa possível para ele, e insisto: Vocação pastoral 
não pode ser por falta de opções, mas porque foi imposta por Deus.

Todos nós que somos pastores sabemos como o ministério é
 desgastante, e ninguém pode cumprir o difícil papel de pastor 
se não tiver a consciência de que foi comissionado por Deus.
 Na qualidade de pastores e tutores eclesiásticos, faz-se
 necessária nossa orientação aos aspirantes e candidatos ao
Ministério de que não há como alguém sobreviver no
 pastorado, caso sinta que esta foi uma escolha sua e não de Deus.

#Reforma_Quadrangular
 — com Lene Santana.

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