três períodos ao longo de toda
a história bíblica em que a
incidência de sinais e maravilhas
foi realmente intensa. Não que
em outras épocas não tenham
ocorrido milagres. O que se diz,
porém, é que as épocas de
numerosos sinais miraculosos
foram apenas três: os anos do
êxodo, o tempo de ministério
de Elias e Eliseu e os dias
de Jesus e seus apóstolos.
Pois bem. Nessas épocas de
tanta demonstração de poder
sobrenatural, como os
incrédulos reagiram?
Aconteceram grandes
avivamentos? Reis e
governantes se converteram
aos montes? Multidões se
voltaram quebrantadas para
o Senhor abandonando seus
ídolos e pecados? Infelizmente,
não! Na realidade, é
surpreendente notar a dureza do
coração humano mesmo diante das
mais claras evidências do poder
de Deus.
Considere-se, por exemplo,
a figura de Faraó. Ele viu
sinais fantásticos sendo feitos
por Moisés (Êx 5–10). Contudo,
só cedeu à ordem de Deus depois
que seu filho primogênito foi
morto (Êx 12.29-33). E mesmo
esse “arrependimento” não durou
muito. Logo ele voltou atrás e
saiu no encalço dos israelitas (Êx 14.5-9).
E quanto aos homens dos dias de
Elias? O ápice da ação sobrenatural
de Deus naqueles tempos ocorreu
quando o profeta do Senhor
enfrentou os profetas de Baal no
Monte Carmelo e fez descer fogo do
céu que consumiu o que havia no
altar e toda a água derramada ao
redor (1Rs 18.20-40). Depois disso,
ocorreu acaso algum avivamento
nacional? A família real abandonou
o paganismo? Ocorreram conversões
em massa? Quem dera! A leitura
do relato bíblico revela que,
depois de uma empolgação
passageira do povo, o profeta se
viu sozinho, tendo de fugir da
fúria dos perversos (1Rs 19.3,4)
num país em que só uma minoria
permanecia sem curvar os joelhos
a Baal (1Rs 19.18).
Nos dias de Jesus e dos apóstolos
não foi diferente. Os evangelhos
afirmam que Jesus fez muitos
milagres e vários deles são
descritos, mostrando que eram
realmente espetaculares.
Multiplicação de pães,
ressurreição de mortos, cura de
cegos de nascença... Tudo isso
era feito diante dos olhos das
pessoas que, boquiabertas, diziam
que coisas do tipo nunca tinham sido
vistas em Israel (Mt 9.33).
Mais uma vez, porém, essas reações
não passaram de entusiasmo
passageiro. Mesmo testemunhando
tantos sinais, a maioria das
pessoas virava as costas para Jesus
tão logo ele expunha sua mensagem
(Jo 6.60-66). No final, em vez de
um avivamento em Israel, o que
houve foi um levante da multidão
pedindo a crucificação do Filho de
Deus (Lc 23.21).
E por aí vai... De fato, o relato
bíblico mostra que os milagres
não são a chave que abre o coração
das pessoas para a fé. É claro
que existiram exceções
(2Rs 5.14-17), mas o padrão geral
mostra que demonstrações de
poder são capazes de gerar
admiração, mas não conversão
(At 8.9-24).
Por que isso acontece? A
resposta é simples. A Bíblia
ensina que Deus determinou que
a salvação das pessoas
acontecesse por meio da
pregação (1Co 1.21). Paulo
escreveu que o evangelho
(não o ato milagroso) é o poder
de Deus para a salvação de quem crê
(Rm 1.16) e afirmou que a fé
salvadora se instala no coração dos
homens por intermédio dos ouvidos
e não dos olhos (Rm 10.17). O
próprio Jesus disse que se alguém
não ouve as Escrituras (“Moisés e
os profetas”) não poderá crer
ainda que veja uma pessoa
ressuscitar dentre os mortos
(Lc 16.31).
Assim, a ideia de que precisamos de
um retorno às épocas dos milagres
para que ocorram conversões é um
sonho bobo. Somente a Palavra
pregada em toda a sua pureza é o
instrumento que Deus usa para
transformar incrédulos em crentes.
Se essa Palavra não quebrar o
coração de uma pessoa, nada mais
o fará.Jesus e os apóstolos realizaram. “Já
imaginou” — dizem — “se vissem
o mar se abrir ou um morto
sepultado há dias sair do
túmulo? Toda a incredulidade
seria varrida pra bem longe e
o ateísmo morreria de vez!”.
Será, porém, que os milagres
são mesmo tão eficazes na
produção da fé? É fácil
descobrir. Os estudiosos das
Escrituras dizem que existiram
três períodos ao longo de toda
Por isso, o dever da igreja hoje
não é realizar feiras de milagres,
anunciando aos berros que Deus vai
“operar maravilhas” aqui ou ali (o
que nunca se cumpre). Seu dever é
pregar o puro evangelho com vigor,
constância, clareza e coragem para
que veja o maior milagre que pode
ocorrer na vida de uma pessoa: a sua
transformação, pela fé, em nova
criatura (2Co 5.17).
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